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SP lidera o número de mortes no trânsito entre as capitais


SÃO PAULO - O número de mortos em acidentes de trânsito caiu em São Paulo entre 1999 e 2005. Segundo levantamento divulgado nesta sexta-feira pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), foram 1.776 mortes em 1999, contra 1.544 em 2005 (último dado disponível). A queda ocorreu, principalmente, pela redução no número de atropelamentos com vítimas fatais, que passou 777 para 630. Mas a situação para o paulistano não está tão tranqüila. Assim como a frota, aumentou bastante o número de mortos em acidentes com carro e motocicleta. O número de mortos em acidentes com carro dobrou no período, passando de 93 para 189. Já o número de motociclistas mortos triplicou, de 48 em 1999 para 148 em 2005. A situação reflete a falta de uma política de prevenção de acidentes no trânsito, segundo analistas.

- Para mudar esse quadro eu diria uma única palavra: prevenção. É preciso adotar medidas para que esses acidentes não ocorram. As pessoas precisam usar mais os equipamentos de segurança, como cinto e cadeirinha para crianças no carro. Mas é necessário também aumentar a fiscalização, cumprir a legislação, ter mais serviço médico móvel de urgência e investimento na reabilitação para evitar seqüelas - diz Maria Helena de Mello Jorge, pesquisadora da Abramet e professora da Universidade de São Paulo (USP).

O levantamento tem como base dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Ministério da Saúde e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre as capitais brasileiras, São Paulo lidera o número de mortes no trânsito. Segundo o levantamento, divulgado nesta sexta-feira, o número de mortos em São Paulo é quase o dobro do registrado no Rio de Janeiro, que fica em segundo lugar no ranking, com 930. Por dia morrem em São Paulo em acidentes de trânsito quatro ou cinco pessoas. Também são muitas as internações, cerca de 25 por dia. Segundo Maria Helena, isso gera um gasto desnecessário ao governo.

- O Brasil gastou em 2007 R$ 130 milhões no atendimento à população que procura o Sistema Único de Saúde (SUS). Esse valor não leva em consideração o atendimento nos prontos socorros, mas apenas as internações - afirma.

Em 2005, a frota de veículos chegava a 4,752 milhões na capital, que tinha população estimada de 10,927 milhões de pessoas. Os dados mostram que os jovens são as principais vítimas em acidentes de motos e os idosos os que mais morrem em atropelamentos. Os jovens entre 20 e 29 anos são as principais vítimas de acidentes fatais com carros na capital paulista. Em 2005, foram registrados 54 óbitos nessa faixa etária. Morreram 6 crianças com idade até 9 anos e 23 pessoas de 10 a 19 anos. Entre as vítimas de 30 a 39 foram registradas 32 mortes, entre 40 a 49 anos 22 e entre 50 a 59, 25 mortes. Há registro ainda de 19 mortes entre as pessoas com 60 a 69 anos, 6 mortes entre 70 a 79 anos e 2 mortes de pessoas com mais de 80 anos.

- A taxa de mortalidade é bastante elevada. Em alguns momentos ela cai, como aconteceu logo depois da implantação do novo Código Brasileiro de Trânsito, em 1998, mas em 2001 voltou a subir. A taxa cai pelo temor do motorista de receber multas pesadas e de perder a carteira, mas depois sobe novamente, provavelmente, em função de um afrouxamento das medidas de fiscalização - diz Maria Helena.

Os jovens de 20 a 29 anos também são os que mais morrem em acidentes de motocicleta: 81 pessoas. Segundo o levantamento, 23 pessoas entre 30 a 39 anos morreram em acidentes com moto naquele ano. As vítimas fatais com mais de 40 anos somam 21. Já as mortes com adolescentes chegam a 23. A professora da USP diz que a mortalidade é muito alta entre os jovens porque eles estão mais expostos aos perigos. Ela diz que não adianta a expectativa de vida da população aumentar se os jovens morrem mais cedo em acidentes de trânsito.

Se nos acidentes de carro e de moto os jovens são as principais vítimas, os mais velhos respondem pela maior parte dos atropelamentos. Pelo levantamento, 82 pedestres entre 30 e 39 anos morreram em 2005; 89 entre 50 e 59 anos; 69 entre 60 e 69 anos; 85 entre 70 e 79 anos; e 52 com mais de 80 anos. Ao todo, foram 630 atropelamentos. Maria Helena diz que é uma taxa muito alta, se comparada com outros países. Ela afirma que isso acontece pela falta de educação dos motoristas ao dirigirem em vias públicas. Há também constantes atropelamentos por falta de passarelas, falta de faixas de segurança e falta de educação das pessoas ao atravessar uma via pública.

- Muitos fatores contribuem para os acidentes. Os motoristas dirigindo em alta velocidade, vias mal conservadas, falta de iluminação, motorista jovem sem experiência e algumas vezes o idoso - afirma a professora.

Nas capitais

O estudo da Abramet nas capitais vai até 2006. De acordo com o levantamento, o número de acidentes com vítimas nas capitais está caindo devagar. Em 1999 foram 105 mil, já em 2006, 101 mil. O número de atropelamentos caiu de 28.150 para 22.476. Flávio Adura, presidente da Abramet, diz que "certamente nesses últimos anos o Código de Trânsito Brasileiro influenciou bastante, com novas resoluções, as campanhas de conscientização e a fiscalização". Neste ano, os acidentes e o número de mortos têm caído bastante com a Lei Seca, que pune o motorista que dirige embriagado.

- O número de acidentes e de mortos continua diminuindo. Eu temo, entretanto, repetindo as palavras do ministro da Saúde, dois ou três dias atrás, que as taxas retomem o ponto anterior se não continuarmos com a fiscalização pesada. O desejável seriam medidas educativas, mas o tempo ainda é muito curto para ter a incorporação de mudança de hábitos - afirma Maria Helena, da USP.

O levantamento indicou que o número de motociclistas mortos aumentou bastante nas capitais. Foram 291 mortes em acidentes com motocicleta em 1999 e 1.008 em 2005. Foram 291 mortes em acidentes com motocicleta em 1999 e 1.008 em 2005. Ainda entre todas as capitais, o número de acidentes com mortes em 2005 foi 7.555 (uma taxa de 17,2 por 100 mil habitantes). No país morreram 35.994 pessoas em acidentes de trânsito.

Fonte: O Globo Online